sexta-feira, 18 de abril de 2008

Convívios à distância

Essa semana uma grande amiga foi morar em Portugal. Sonho antigo de quem sempre teve os pés aqui no Brasil e a cabeça na Europa. Fui a primeira a dar a maior força porque acredito que lá ela será muito mais feliz. Só agora, porém, que todo o planejamento se fez realidade, começo a me dar conta de como sentirei falta dessa amiga que talvez seja uma das mais antigas presenças em minha vida.

Talvez se eu tivesse seguido os conselhos do Manual de Conservar Caminhos – aquele mesmo, do texto anterior... Sim, ele diz pra você não se apegar muito às pessoas, porque elas vêm e vão, quando menos se espera. Tarde demais. Se tem uma coisa impossível de fazer é eu não me apegar àqueles de quem gosto. E quem me conhece sabe que é assim: sofro junto mesmo, tomo as dores, mas também dou risada, comemoro. Gosto de estar junto.

E, por mais que não seja meu primeiro amigo indo atrás de novos horizontes, esse “surto” de pessoas queridas indo morar longe, está me fazendo perceber que cada vez mais os convívios à distância terão que fazer parte da minha vida.

Mais uma vez sou colocada à prova. Não sei se é por já ter passado por isso, mas agora sinto uma certeza boa de que nada mudará com relação à amizade. Por que sei disso? Talvez por saber que temos afinidade e, quando esta existe, não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Qualquer reencontro possível – aqui ou mundo afora – fará retomar a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.

Essa foi pra todos os meus amigos que já estão longe. Mas, principalmente, pra minha querida amiga-irmã. Boa viagem. Boa Sorte. Boa vida.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Manual de Conservar Caminhos

Atendendo a muitos pedidos e, enquanto eu não consigo atualizar isso aqui com um texto meu (na verdade muito mais por isso... rs), segue o "Manual de Conservar Caminhos". Se alguém souber quem é o autor, "please, let me know".

O caminho começa em uma encruzilhada. Ali você pode parar para pensar em que direção seguir. Mas não fique muito tempo pensando, ou jamais sairá do lugar.

Faça a pergunta clássica de Castañeda: qual destes caminhos tem um coração? Reflita bastante sobre as escolhas que estão adiante, mas, uma vez dado o primeiro passo, esqueça definitivamente a encruzilhada, ou sempre ficará sendo torturado pela inútil pergunta: “Será que escolhi o caminho certo?” Se você escutou seu coração antes de fazer o primeiro movimento, você escolheu o caminho certo!

O caminho não dura pra sempre. É uma benção percorrê-lo durante algum tempo, mas um dia ele irá terminar. Portanto, esteja sempre pronto para se despedir, a qualquer momento. Por mais que você fique deslumbrado por certas paisagens, ou assustado com algumas partes, onde é necessário muito esforço para seguir adiante, não se apegue à nada. Nem às horas de euforia, nem aos intermináveis dias onde tudo parece difícil e o progresso é lento.
Honre seu caminho, foi sua escolha, sua decisão, e, na medida em que respeita o chão que pisa, também este chão passa a respeitar seus pés. Faça sempre o que for melhor para conservar o seu caminho e ele fará o mesmo por você.

Esteja bem equipado. Leve um ancinho, uma pá, um canivete. Entenda que, para as folhas secas, os canivetes são inúteis, e, para as ervas muito enraizadas, os ancinhos são inúteis. Saiba sempre que ferramenta utilizar a cada momento. E cuide delas, porque são suas melhores aliadas.

O caminho vai para frente e para trás. Às vezes é preciso voltar, por que algo foi perdido. Ou uma mensagem, que devia ser entregue, foi esquecida no seu bolso. Um caminho bem cuidado permite que você volte atrás sem grandes problemas.

Tenha paciência. Às vezes, é preciso repetir as mesmas tarefas como arrancar ervas daninhas ou fechar buracos que surgiram depois de uma chuva inesperada. Não se aborreça com isso, faz parte da viagem. Mesmo cansado, mesmo com certas tarefas repetitivas, tenha paciência.
Os caminhos se cruzam, as pessoas podem dizer como está o tempo. Escute conselhos, tome suas próprias decisões. Só você é responsável pelo caminho que lhe foi confiado.
A natureza segue suas próprias regras: desta maneira você deve estar preparado para súbitas mudanças do outono, o gelo escorregadio no inverno, as tentações das flores na primavera, a sede e as chuvas de verão. Em cada uma dessas estações, aproveite o que há de melhor e não reclame das suas características.

Faça do seu caminho um espelho de si mesmo: não se deixe, de maneira nenhuma, influenciar pela maneira como os outros cuidam de seus caminhos. Você tem sua alma para escutar, e os pássaros para contar o que a alma está dizendo.

Que suas histórias sejam belas, e agradem tudo que está à sua volta. Sobretudo, que as histórias que a sua alma conta durante a jornada sejam refletidas em cada segundo de percurso.
Ame seu caminho. Sem isso nada faz sentido!